O Ramos Gin Fizz e sua história

Escrito por Simon Difford

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Criado em 1888, por Henry Charles Ramos, no Imperial Cabinet Saloon, na esquina das ruas Gravier com Carondelet, em Nova Orleans. É um dos grandes clássicos da coquetelaria mundial.

Henry, então mais conhecido como Carl, assumiu o bar, juntamente com seu irmão Charles Henry Ramos, de Emile Sunier, que por sua vez adquiriu as instalações de Pat Morgan, que promovia a marca de whisky Imperial Cabinet, daí o nome do bar.

Originalmente chamado de New Orleans Fizz, Henry costumava chamar sua famosa criação de One And Only One ("Primeiro e Único"). O coquetel cremoso, quase macio, foi um sucesso imediato, impulsionando a popularidade do bar a ponto de, em dias movimentados, haver 20 bartenders e "shaker boys" dedicado apenas ao preparo do Ramos Gin Fizz. Mesmo assim, tinha hora que não davam conta da demanda. Isso é compreensível quando você ouve devotos do coquetel dizendo que leva 12 minutos para batê-lo. Por isso, seria necessário vários bartenders para em sequência. Não pode ser menos, porque a coqueteleira fica tão fria e fosca, que precisa ser embrulhada em um pano para ser confortavelmente manuseada.

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Em 1907, graças ao sucesso de sua criação, Henry seu próprio bar, ao adquirir, de Tom Anderson, o Stag Saloon, na 712 Gravier Street, na esquina com St Charles Avenue, do lado oposto à entrada do St. Charles Hotel.

Em seu Famous New Orleans Drinks and How to Mix 'Em, Stanley Clisby Arthur escreve no The Stag "o número de shaker boys atrás do bar era um dos pontos turísticos da cidade durante o Carnaval e no Mardi Gras de 1915. 35 shaker boys quase sacudindo os braços fora, mas ainda assim não conseguiam dar conta da demanda".

Em 1935, o Hotel Fairmont, em Nova Orleans, a poucos quarteirões de onde Henry criou a bebida, comprou os direitos do Ramos Gin Fizz do filho de Henry e tornou-o marca registrada. Para esclarecer a confusão: o atual Fairmont Hotel foi inaugurado em 1893 como Hotel Grunewald. Depois se tornou o Fairmont, em seguida virou Roosevelt e, na reabertura após o furacão Katrina, ganhou novamente o nome Fairmont. Para facilitar, vou usar o nome Fairmont independente do período, ok?

O Hotel Fairmont promoveu o drink, cuja popularidade também foi ajudada pelo governador da Louisiana, Huey P. Long, que gostava muito dele. Tanto assim, que em julho de 1935, ele contratou um bartender do Hotel Fairmont, chamado Sam Guarino, para para treinar a equipe do New Yorker Hotel, em Nova York, em como fazer o drink. Assim, sempre que ele estivesse na cidade, poderia bebê-lo. O Museum of the American Cocktail tem um filme com a história contada em um noticiário da época.

Bartenders no Bar Sazerac, do Fairmont Hotel, continuam a orgulhosamente fazer o drink e a contar a história de Henry Ramos até hoje.

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A receita

Com a aprovação da Lei Seca, em 27 de outubro de 1919, ao toque da meia-noite, Henry anunciou: "Eu vendi o meu último Gin Fizz". Henry foi forçado a fechar seu bar e a receita permaneceu um segredo bem guardado. Isso até que um redator da equipe do The New Orleans Item-Tribune, chamado Don Higgins, teve a coragem de perguntar a ele.

O repórter entrevistou Henry "em sua acolhedora casa Creole velha e espaçosa, em 726 North Rampart Street", onde ele disse: "agora eu vou te dar a fórmula do Primeiro e Único, o Ramos Gin Fizz original. Mas ao publicar você deve dizer que, se a primeira mistura não der certo, você deve tentar de novo. E não se esqueça de usar uma coqueteleira hermética e bater, bater, bater, até não haver uma bolha sequer e o drink ficar com um branco suave e nevado, da consistência de leite encorpado e bom. O segredo do sucesso reside no cuidado que você toma e em sua paciência. E precisa ter certeza de que está usando bons ingredientes".

O artigo de Higgins sobre a reunião de Henry foi reeditado alguns anos mais tarde, em 23 de setembro de 1928, cinco dias após a morte de Henry com o título "Uma homenagem a um dos maiores tesouros de Nova Orleans", com a seguinte receita.

Ramos' Original Gin Fizz
Uma colher de mesa de açúcar em pó.
3 ou 4 gotas de água de flor de laranjeira.
Suco de meio limão
Suco de meio limão siciliano
1 jigger de Old Tom Gin
Clara de um ovo
Meio copo de gelo moído
Certa de duas colheres de mesa com leite integral gordo ou creme
Um pouco de água de sifão (Seltzer), por volta de uma onça para deixá-lo pungente
Bater tudo junto muito bem e coar (beba à vontade)

Alguns dizem que o extrato de baunilha foi o ingrediente secreto que impediu outros copiarem com sucesso o Ramos Gin Fizz, enquanto outros sustentam que ele não fazia parte da receita original. Em Famous New Orleans Drinks and How to Mix 'Em, de 1937, Stanley Clisby Arthur escreve: "Os bartenders veteranos negam violentamente - praticamente chegam aos golpes - a inclusão de duas gotas inocentes de extrato de baunilha.
Veteranos que trabalharam para Henry Ramos no passado declaram que o Ramos original não incluía baunilha. Outros sustentam que as gotas gêmeas de extrato arrancadas do coração da vagem de baunilha é o que aperfeiçoa ou destrói um verdadeiro gin fizz - fica dos deuses ou ruim pra diabo".

Arthur continua: "por isso, quando fizer seu fizz, faça como preferir, adicione ou não as gotas de baunilha".

Eu gosto de usar 3 gotas de extrato de baunilha em nossa receita de Ramos Gin Fizz.

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