Tuxedo: conheça sua história e variações

Escrito por Simon Difford

Fotos por Dan Malpass

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Documentado pela primeira vez no livro de 1900 Bartenders' Manual de Harry Johnson, o Tuxedo, basicamente um riff em um Fifty-Fifty Dry Martini, é um daqueles coquetéis clássicos que, ao longo das décadas, adquiriram diferentes variações, algumas delas apresentadas apenas como No.1, No.2, etc. Há cinco receitas clássicas do Tuxedo, além de algumas versões modernas muito saborosas.

História

O Tuxedo é um dos numerosos coquetéis estilo Martini que eram moda no final do século XIX e início do XX. A primeira receita de um “Martini” apareceu na versão de 1888 de Bartenders’ Manual. Talvez não seja coincidência o Tuxedo ter surgido 12 anos depois, na edição de 1900 do mesmo livro.

O livro também traz a primeira receita conhecida do Marguerite Cocktail recipe, que assim como o Tuxedo leva partes iguais de gin e vermute. Aliás, ele é praticamente igual a um Tuxedo No.2 (veja abaixo).

David Embury, em The Fine Art of Mixing Drinks, escreveu que o Turf cocktail (conhecido por ser o primeiro a combinar gin e vermute) é um “Dry Martini com 1 ou 2 dashes de maraschino, Angostura e orange bitters. O mesmo drink com um dash de absinto é chamado de Tuxedo". A única diferença entre um Imperial Martini e o Tuxedo No.2 é a ausência de absinto, aliás. Você pode ler a evolução do Martini em detalhes nesse link.

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Receita Original

O Tuxedo Original, pede partes iguais de old tom (doce) gin e vermute seco francês, com “1 ou 2 dashes de maraschino; 1 dash absinto; 2 ou 3 dashes de orange bitters” mexido e coado para um copo de coquetel. Cereja e uma casca de limão sicialiano como decoração".

Essa versão com old tom gin aparece em Hoffman House Bartender’s Guide, por Charles Mahoney (1912), e Barflies & Cocktails, por Harry McElhone (1927). Jack’s Bar Manual , por Jacob Abraham Grohusko (1910) também traz essa receita, mas com vermute doce italiano em vez do francês seco. Outra diferença é que Grohusko estipula 3 dashes de Angostura Bitters no lugar do orange bitters.

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Hoffman House Bartender’s Guide (1912)

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Barflies & Cocktails por Harry McElhone (1927)



Tentamos as duas variações de bitters e nossa preferida é a com 2 dashes de ambos, Angostura e orange bitters, no mesmo coquetel.

Vale a menção à versão de Tim Daly, em seu livro de 1903 Daly’s Bartenders’ Encyclopedia: ele apenas muda old tom gin para “maple gin”, que eu presumo ser uma versão de gin adoçado com xarope de maple em vez de açúcar.

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Daly’s Bartenders’ Encyclopedia (1903)

Tuxedo Cocktail No.2

Quando Harry Craddock escreveu o fundamental The Savoy Cocktail Book em 1930, a receita original havia mudado, para acomodar a moda por bebidas mais secas, particularmente os Martinis, com dry gin no lugar do doce old tom.

Craddock chama sua versão de “No.2”, assim como Patrick Duffy, nas edições de 1934 e 1940 de seu The Official Mixer’s Manual. Ambas versões do Tuxedo Cocktail No.2 são idênticas à de Harry Johnson apresentada em 1900, só mudando old tom por dry gin.

Veja a receita do Tuxedo No.2

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The Savoy Cocktail Book (1930)



Estranhamente, além das das receitas Tuxedo No.1 e No.2, em uma sessão de coquetéis à base de jerez, Duffy apresenta uma terceira versão do Tuxedo, sem gin: “1/2 Pony Anisette; 2 Dashes Maraschino; 1 Dash Peychaud's Bitters; mexer bem com gelo moído, coar e servir”. Essa receita pode ter o mesmo nome, mas não tem nada a com o Tuxedo original e, a não ser por uma breve aparição em Stan’s Bar Guide, de 1970, ela parece ter desaparecido completamente.

Tuxedo Cocktail No.1

O Tuxedo “original” não é o No.1, a menos que eu tenha perdido alguma receita anterior a 1900. Craddock chamou sua receita de com gin dry de Tuxedo No.1, mas a versão mais próxima do original de 1900 é a conhecida como No.2. Tamanha é a influência do Savoy Cocktail Book que muitos pensam que a No.1 de Craddock é a original e tornou-se a mais popular. O conceito de Tuxedo No.1 and No.2 foi copiado por Duffy nas edições de 1934 e 1940 de seu The Official Mixer’s Manual.

Receita do Tuxedo No.1

Tuxedo Cocktail No.3

Nossa quarta receita de Tuxedo, a No.3, apareceu em 1904, no Drinks As They Are Mixed de Paul E. Lowe e é bem diferente: em vez de partes iguais, Lowe estipula 2/3 de gin para 1/3 de vermute seco, mais uma bailarina de jerez. Jacques-Straub repetiu essa receita no seu livro de 1914 Drinks.

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Drinks As They Are Mixed (1904)

Veja a receita do Tuxedo Cocktail No.3.

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Tuxedo Cocktail No.4

O uso de jerez em um Tuxedo não pegou, a não ser no antigo hotel Waldorf Astoria (que fechou em 1929 para dar lugar ao Empire State Building), onde a receita aparentemente consistiam em 2/3 de gin seco para 1/3 de jerez, com uma pitada de bitters de laranja. Esta receita está registrada em The Old Waldorf Astoria Bar Days, publicado durante os dias sombrios da Lei Seca, em 1931, para coincidir com a abertura do novo Waldorf-Astoria. A receita é seguida pela anotação, "Depois de aparecer no Erie R.R., onde muitos clientes do Bar tinham casas de campo". Uma referência aos chalés e casas que faziam parte da propriedade do The Tuxedo Club, clube privado com vista para o lago Tuxedo em Tuxedo Park, 40 milhas a noroeste de Nova York.

Não encontrei referência escrita a essa receita de Tuxedo anterior a 1929, mas David Wondrich diz sua coluna na esquire.com diz "há outras versões de Tuxedo por aí, mas essa parece ser a original e a melhor".

Veja a receita do Tuxedo Cocktail No.4.

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A evolução do Tuxedo cocktail


Receitas modernas de Tuxedo


Tuxedo No. 2 (por Flora Bar)

Flora Bar’s Tuxedo No.2

Tuxedo Cocktail No.3 (por Simon Difford)

Difford's Tuxedo

Tuxedo Affumicato

Tuxedo Affumicato

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Origem do nome

O coquetel Tuxedo leva o nome não do paletó, mas do Tuxedo Club, um clube de campo privado perto da vila de Tuxedo Park, Orange County, Estado de Nova York, EUA, inaugurado em 30 de maio de 1886. É amplamente aceito que o coquetel de mesmo nome originou-se ali, no final da década de 1890. O clube também é creditado como sendo o local de nascimento do traje de festa black-tie (Tuxedo em inglês, Smoking em português) ou pelo menos é onde o nome surgiu.

A origem do traje data de 1860, quando a Henry Poole & Co., da Savile Row em Londres, fez uma jaqueta curta para o Príncipe de Gales (mais tarde Edward VII), como uma alternativa informal ao traje branco, que era o padrão à época. Na primavera de 1886, o príncipe convidou James Potter, um rico nova-iorquino, para visitá-lo em Sandringham. Quando Potter perguntou ao Príncipe o que ele deveria vestir no jantar, esse recomendou seu alfaiate, Henry Poole. De volta a Nova York, Potter passou a usar seu smoking no Tuxedo Park Club, que havia sido inaugurado recentemente. Outros membros do clube o copiaram e o jaleco sem cauda ganhou o nome do clube.

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