Bloody Mary - história & como fazer

Escrito por Simon Difford & Jack McGarry

As receitas de Bloody Mary são tão pessoais quanto as dos Martinis. Puristas só vão usar molho de pimenta, molho Worcestershire, sal e limão para apimentar o suco de tomate e vodka. Mas tudo, desde ostras até V8 podem ser adicionados. Mas como preparar o Bloody Mary perfeito? E qual é a história completa por trás deste famoso coquetel de brunch?

Este pode ser um coquetel verdadeiramente grande e merece toda a reverência, mas pode também ser fraco, insípido e, francamente, decepcionante. O segredo é usar ótimos ingredientes, uma boa receita e empregar as técnicas certas:

Receitas

Nossa receita de Bloody Mary preferida leva vodka, suco de tomate, molho de pimenta, molho Worcestershire, pimenta do reino e sal de aipo. Estes são ingredientes encontráveis na maiora dos Bloody Marys por aí. Nossa receita também leva suco de limão, para adicionar frescor, algo que está se tornando bem popular. A receita do My own Bloody Mary (a que aparece no vídeo acima) leva todos estes ingredientes, mais um pouco de açúcar para equilibrar o suco e abrir os sabores dos outros ingredientes. Eu também adiciono jerez e pimentão amarelo, para contribuir com mais sabor e frescor.

Outras variações incluem:
Asian Mary (com wasabi, gengibre & soy sauce)
Bloody Bull (com beef consommé)
Bloody Caesar (com caldo de marisco)
Bloody Joseph (com Scotch whisky)
Bloody Maria (com tequila)
Bloody Maru (com sake)
Bloody Shame (sem álcool)
Bullshot (com caldo de carne)
Cubanita (com rum)
Red Snapper (com gin)

Bater ou mexer. Gelo e diluição

Um Bloody Mary fica melhor se o suco de tomate mantiver alguma viscosidade. O suco de tomate fino ou diluído prejudica o drink, não importa o quão equilibrado e perfeitamente temperado ele foi, para se adequar ao gosto do bebedor. Bater tende a prejudicar a viscosidade, por isso é melhor simplesmente virar a coqueteleira repetidamente em um suave movimento giratório, ao invés de agitar (veja o vídeo acima). Eu recomendo 20 revoluções com cubos de gelo tirados diretamente do freezer (não da máquina de gelo), o que deverá congelar o exterior da coqueteleira.

Há também um debate sobre se é melhor para servir um Bloody Mary com ou sem gelo. A resposta é com gelo, mas que o gelo deve vir direto de um freezer. Os de uma máquina de gelo são muito "molhados" (já estão derretendo), mesmo quando tirados diretamente da máquina. Considere fazer uma única longa coluna de gelo usando um molde ou cortando de um bloco de gelo, pois isso não só ficará bonito, mas também manterá a bebida fria, dando uma diluição mínima.

História

A invenção do Bloody Mary é muitas vezes creditado a Fernand Petiot, nos anos 1920, quando era um jovem bartender no Harry's New York Bar, em Paris. No entanto, parece que ele simplesmente temperou uma já existente e bem estabelecida combinação de vodka e suco de tomate, dá época em que trabalhava no St. Regis Hotel New York City, durante a década de 1940.

O verdadeiro criador da mistura saborosa de vodka e suco de tomate foi provavelmente George Jessel, estrela de Hollywood dos anos 20 a 50. Parece provável também que ele tenha batizado sua bebida favorita de Bloody Mary.

A seguir, está com certeza a versão mais completa da história de como o coquetel que conhecemos hoje como Bloody Mary foi criado e ganhou o nome atual. O texto foi escrito por Jack McGarry, do multi-premiado bar Dead Rabbit, de Nova York. Ela foi publicada pela primeira vez no site em março de 2012, mas segue sendo a mais detalhada e impecável que conhecemos.

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A história de Fernand "Pete" Petiot

Fernand Petiot nasceu em Paris no dia 18 de fevereiro de 1900. Desde muito cedo, o jovem Petiot envolveu-se na indústria da hospitalidade, ajudando seus pais a administrar uma mansão de 60 quartos, em particular ajudando sua mãe na cozinha. Começou no New York Bar (ainda não chamado 'Harry's') em Paris aos 16 anos: sua experiência anterior com sua mãe o ajudou a conseguir um emprego como porteiro de cozinha. Acredita-se que apenas dois anos depois ele se casou com Ruth, embora os registros de óbitos mostrem Ruth tinha dois filhos de outros homens. (O Censo Demográfico Federal dos Estados Unidos de 1930 mostra que Petiot estava na mesma casa de Ruth Petiot, mas as crianças têm sobrenomes diferentes - Victor Miller e Charles Oliver)

Dizem que ele criou o Blood Mary enquanto trabalhava no Harry's New York, em Paris, no início dos anos 20, sendo 1921 mais citado como a data-chave - o que significaria que foi criado quando o bar ainda estava sob a propriedade de Ted Sloan. O ex-jockey americano Ted Sloan tinha adquirido um local situado em 5 Rue Daunou em 1911. Ele mudou o que era um bistrô para um "american bar" e chamou-o The New York Bar.

Foi Sloan quem contratou Harry MacElhone - um barman escocês com um excelente currículo. Harry costumava cuidar do bar no New York Plaza Hotel de Manhattan e também no elegante Ciro's Club de Londres. O bar de Sloan estava começando a capitalizar com o número de soldados americanos na Europa. Os membros do American Field Service Ambulance Corps, em particular, chamavam de casa o Harry's Bar, durante grande parte da Primeira Guerra Mundial. Muitos outros expatriados também freqüentavam o bar.

Problemas de jogo de Sloan e um estilo de vida exuberante eventualmente acabaram por arruiná-lo. Ele foi forçado a vender o negócio para MacElhone em 1923 e se voltou para os EUA. MacElhone simplesmente acrescentou "Harry" na frente do nome e o "Harry's New York Bar" nasceu. O bar tinha se tornado um ponto de encontro freqüente para Ernest Hemingway, Sinclair Lewis, Rita Hayworth, Humphrey Bogart e muitos outros ícones internacionais e dos EUA.

Perguntar como o nome do Bloody Mary se originou é um pouco como pedir a Hugh Hefner o nome de sua namorada. A história mais popular é que Petiot o nomeou como homenagem a rainha Mary Tudor da Inglaterra. Ela havia tomado o trono depois de uma breve batalha contra seu irmão moribundo Edward VI e John Dudley, o duque de Northumberland. Queen Mary era católica fanática e está bem documentado o quanto detestava a história do divórcio e do cisma de seu pai, Henrique VIII, que resultou a criação da Igreja da Inglaterra

O apelido "sangrento" de Mary está relacionado a alguns de seus primeiros atos como Rainha: primeiro veio a execução de Dudley e depois a reinstituição dos Atos da Heresia em 1554. Sob os Atos, muitos protestantes foram mortos sob as Perseguições Marianas, sendo o método principal de execução morte por fogo. Acredita-se que muitos dos 283 condenados pela Lei da Heresia morreram desta forma, dando assim a Mary o título não oficial Rainha "Bloody" Mary.

Outra fonte de inspiração que Petiot é usar do The Bucket of Blood Saloon de Chicago, Illinois. Uma das primeiras e únicas aparições na imprensa sobre salão ocorreu em 25 de fevereiro de 1916 em um artigo publicado no Chicago Tribune, sob o título de "Cinco Cabarets Violam a Lei, Aldermen será ouvido", sobre venda de bebidas depois do limite de horário. Dizia que o "Balde de Sangue" (Bucket of Blood do nome do bar) era "um lugar pequeno, escuro, sórdido, lúgubre e nós não conseguiríamos ficar lá por muito tempo". O dono era George B. Dulgate, cuja a esposa foi indiciada pela morte de Marie Benzing, resultante de aborto forçado. No entanto, o local foi fechado somente pela a Lei Seca.

O nome Bucket of Blood é creditado à maneira que os proprietários do bar jogavam água suja de sangue, de brigas e facadas, para lavar o assoalho. A teoria é que um cliente do New York Bar de Ted Sloan, um artista americano chamado Roy Barton, sugeriu a Petiot chamar seu drink de Bloody Mary, por causa de uma garçonete chamada Mary que trabalhou no Bucket of Blood. O próprio Petiot lembrou disso, em uma entrevista que deu à imprensa de Cleveland, em janeiro de 1972.

Petiot e o Bloody Mary fizeram um rápido passeio pelo Canal da Mancha durante o ano de 1925. Em uma entrevista ao The New Yorker, em julho de 1965, ele afirmou ter trabalhado no Savoy Hotel e que foi ali que Mary Duke Biddle, então proprietária do St. Regis Hotel em Manhattan, descobriu seus talentos. Mas, foi somente em 1934, após a revogação da Lei Seca em dezembro anterior, que Petiot assumiu o seu lugar como chefe de bar do St Regis. Um dos clientes famosos de Petiot durante este período foi o temido gângster Frank Costello, que disse que Petiot tinha servido a todos os presidentes dos EUA de 1934 a 1972, exceto Lyndon B. Johnson.

Petiot tornou-se um dos bartenders mais populares de Nova York até sua aposentadoria em 1966. Enquanto no St. Regis Hotel, ele comandou o King Cole Bar, apresentando aos nova-iorquinos a sua criação, com um empurrão do príncipe russo Serge Obolensky, que pediu um Bloody Mary a Petiot, mas com tempero extra. Petiot adicionou Tabasco e a fórmula ficou aparentemente completa.

Por volta de 1935, o Bloody Mary tornou-se conhecido como Red Snapper. Uma das histórias conta que Vincent Astor, que tomou comprou o hotel em 1935, se opôs ao nome Bloody Mary e insistiu que fosse alterado devido à sua vulgaridade. Além disso, acredita-se neste momento que a vodka, que era base do Bloody Mary, foi trocada por gin, pois a primeira era uma mercadoria rara na América até que a Heublein Company começou a promover a sua vodka Smirnoff, destilada nos EUA, no final da década de 1940. Mas foram anos até que o destilado transparente encontrasse seu lugar nos lares norte-americanos, durante o chamado boom do "whisky branco".

Após sua aposentadoria em 1966, Petiot mudou-se para Canton, Ohio, onde trabalhava ocasionalmente como bartender no Mergus Restaurant. Ele morreu na cidade, em janeiro de 1975, aos 74 anos.

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A história de George Jessel

Outro nome que é freqüentemente associado com o Bloody Mary é o de George Jessel, conhecido como o "Toastmaster General of the United States" para o seu papel freqüente de mestre de cerimônias em grandes encontros. Em sua autobiografia, The World I lived In!, ele afirmou ter criado a bebida durante 1927, em Palm Beach, fornecendo outra narrativa que sem dúvida piorou a questão da origem do Bloody Mary ainda mais.

George Jessel nasceu em uma família judaica pobre na área de Harlem em Manhattan, Nova York, em 3 de abril de 1898. Seu pai morreu em 1909. George logo teve de encontrar trabalho remunerado para sustentar a família e logo começou sua vida profissional na Broadway, no teatro "vaudeville"(mambembe). Uma de suas mais famosas apresentações foi The Jazz Singer, que se tornou o primeiro filme falado, em 1927, com Al Jolson (o próprio Jessel teria estrelado se não fosse por uma rivalidade com Warner Brothers).

Ele acabou por estrelar diversos filmes na década de 20, como Private Izzy Murphy em 1926. Com o desinteresse do público pelo vaudeville, George rumou para a Broadway, onde estrelou The War Song (1928), Joseph e Sweet and Low, ambos em 1930. Ele também produziu 6 outros shows na Broadway entre 1943-1953, a maioria musicais. Ao contrário de muitos artistas judeus da época, Jessel não tentou esconder sua etnia. De fato, ele a abraçou e a incorporou em sua comédia

Apesar de uma vida pessoal movimentada, com três casamentos, diversos romances e um incidente notório a tiros, em 1969 a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas honrou-o por seu trabalho de caridade e ele tem uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood. Jessel morreu de um ataque cardíaco em 1981, aos 83 anos, em Los Angeles.

Então essa é a história dele, mas e seu relacionamento com o Bloody Mary? Eis a evidência chave, a partir de suas próprias palavras em sua autobiografia The World I Lived In! publicada em 1975:

"Em 1927, eu morava em Palm Beach ou estava de passagem, não me lembro bem, mas quase todos os anos eu capitaneava uma equipe de softball em um jogo contra a elite de Palm Beach, gente como os Woolworth Donohue, os Al Vanderbilts, os Reeves e seus amigos ... minha equipe era composta por amigos do teatro, de New York. Como eu passei pela Broadway e encenado personagens de beisebol, consegui engrenar um jogo para faturar um trocado de vez em quando. Normalmente a gente vencia.

Depois do jogo, eu e um cara chamado Elliott Sperver, um playboy da Filadélfia, fomos para o La Maze e começamos a beber champanhe. Nós ainda estávamos firmas às 08:00 da manhã do dia seguinte. Às 9:30 eu tinha um jogo de vôlei com Al Vanderbilt. Tentamos tudo para matar a ressaca e ficar sóbrios. Então Charlie, o bartender, que estava se divertindo com nosso estado, nos chamou atrás do bar.

- Aqui, Georgie, experimente isso - disse ele, segurando uma garrafa empoeirada que eu nunca tinha visto antes - chamam de vodka, temos há seis anos e ninguém nunca pediu ...

Eu olhei para ele, cheirei. Era muito pungente e cheirava a batatas podres. Falei ao Charlie "Que se dane, não temos nada perder! Pegue um pouco de molho Worcestershire, um suco de tomate e limão, que deve matar o cheiro". Eu também me lembrei que Constance Talmadge, que viria a a ser minha futura cunhada, costumava sempre beber algo com tomates para limpar a cabeça na manhã seguinte e sempre funcionava - pelo menos para ela.

"Nós já tentamos de tudo, então podemos muito bem tentar isso ", eu disse quando comecei a misturar os ingredientes em um copo grande. Depois de termos tomado alguns goles, todos nós começamos a nos sentir um pouco melhor. A mistura parecia abater as borboletas

Naquele momento, Mary Brown Warburton entrou. Uma funcionária da filial de Filadélfia da loja de departamentos da família Wanamaker. Ela gostava de estar ao redor de pessoas do show business e depois acabaria tendo uma aventura com Ted Healey, o comediante. Ela deveria ter virado à noite, pois estava com um lindo vestido de noite branco. "Aqui, Mary, tome um gole disso e veja o que você acha." Ao beber, ela derramou um pouco do drink em seu vestido branco, deu uma olhada na bagunça, e riu, "Agora, você pode me chamar de Bloody Mary, George!"

"Desde aquele dia até hoje, a mistura que preparei no La Maze's permaneceu como um Bloody Mary com poucas variações. Charlie o preparava todas as manhãs quando "a gangue" ainda estava no clima. Daí, cerca de um ano depois, o evento beneficiente Joe E. Lewis iria começar no Oriental Theater e eu estava sentado no meu quarto de hotel com Ted Healey, antes de sairmos para o teatro. Ted, como de costume, estava um pouco embriagado. Ele pegou uma cópia de um jornal de Chicago e leu uma história na coluna de Winchell. Ela dizia que eu tinha criado o nome Bloody Mary por causa da namorada de Ted, Mary Brown Warburton.

Ted ficou branco. "Que diabos você está fazendo, passando cantada em minha garota, seu filho da puta ", ele gritou. E assim que falou, puxou uma pistola e tentou atirar em mim. O tiro passou raspando minha orelha direita e fiquei completamente surdo por uma semana. Foi um inferno apresentar o evento naquela noite."

A evidência

Uma das primeiras - senão A primeira - evidência do Bloody Mary vem de um dos velhos amigos de George Jessel, Walter Winchell, que tinha uma coluna de fofocas no Chicago Tribune . Foi em um delas, em 3 de abril de 1939, que ele escreveu: "O elenco do show Hasty Pudding tem uma nova forma de Mickey que Não os faz "ick" (soluçar) ... É vodka com suco de tomate." Isto veio alguns meses antes de uma referência feita pelo jornalista do San Francisco Chronicle e famoso autor de The Stork Club Bar Livro (1946) Lucius Beebe, que também foi dos mais famosos pre-gourmands. Em sua coluna de fofocas "This New York", em 2 de dezembro de 1939, que foi destaque no The New York Herald , Lucius escreveu: "O mais novo pick-me-up de George Jessel que está recebendo tanta atenção de toda a cidade é chamado de Bloody Mary: metade de suco de tomate, metade de vodka ".

E foi no livro de Lucius Beebe Stork Club Bar Book que o Bloody Mary foi registrado pela primeira vez, em 1946. A receita no livro de Beebe era:

Bloody Mary - receita de Lucius Beebe
3oz Vodka
6oz Suco de Tomate
2 dashes de Angostura bitters
Suco de meio limão siciliano
Preparo: bater todos os ingredientes com gelo ou misturar em uma batedeira Waring e servir gelado em um copo highball.

No entanto, o Red Snapper foi listado em um livro de coquetel cinco anos antes da referência Beebe. O Snapper foi documentado pela primeira vez no Crosby Gaiges Cocktail Guide e Ladies Companion, publicado em 1941: "O Sr. Lauryssen, como anfitrião no St. Regis, fez do hotel um exemplo de excelência e excelência subjugada mas autêntica ... Old King Cole preside com hospitalidade o bar, do qual o Sr. Lauryssen me envia duas receitas do livro de Queen Cole.

Red Snapper - receita de Crosby Gaiges
2oz suco de tomate
2oz vodka
½ colher de chá de Worcestershire
1 pitada de sal
1 pitada de pimenta cayenne
1 dash de suco de limão siciliano
Sal, pimenta do reino e vermeha a gosto.
Preparo: bater bem e servir em um copo Delmonico

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The King Cole Bar no St. Regis, New York City

Fernand "Pete" Petiot reconheceu o papel de Jessel no desenvolvimento do Bloody Mary em uma entrevista para The New Yorker em 18 de julho de 1964. "Eu iniciei o Bloody Mary de hoje ... Jessel disse que o criou, mas não era nada além de vodka e suco de tomate, quando eu o conheci. Eu encho o fundo do coquetel com quatro grandes pitadas de sal, duas de pimenta do reino, duas de pimenta caiena e uma camada de molho Worcestershire; então eu adiciono um pouco de suco de limão e um pouco de gelo picado, coloque duas onças de vodka e duas onças de suco de tomate grosso, agite, coe e sirva. Nós servimos de cem a cento e cinqüenta Bloody Marys em um dia aqui no King Cole Room, nos outros restaurantes e salas de banquetes."

Um jornal da Virgínia também publicou uma receita de Bloody Mary. The Bee documentou uma fórmula no dia 22 de abril de 1946, que apresenta a adição um novo ingrediente, o molho Tabasco.

Trader Vic listou um Bloody Mary em seu Bartender's Guide publicado em 1947. Sua receita parece ser muito simples: "1 ½ oz de vodka e equilibre com suco de tomate".

Durante a década 50 houve uma proliferação de registros de Bloody Mary. Jack Townsend em The Bartender Book publicou uma receita em 1951.

Bloody Mary - Jack Townsend
3oz Vodka
6oz Suco de Tomate
2 dashes Angostura
Suco de meio limão siciliano

Ted Saucier incluiu 3 receitas de Bloody Mary em seu Bottoms Up!. Ele também foi publicado em1951.

Bloody Bloody Mary - Ted Saucier
1½ oz Vodka
3oz Tomate
½ tsp molho Worcestershire
Suco de ½ limão siciliano
Dash de sal de aipo
Preparo: bater e servir em um copo Old Fashioned com uma pedra grande de gelo e ramo de hortelã como decoração.

Bloody Mary - Cortesia Hotel Del Monte, California
½ vodka
½ suco de tomate
Preparo: servir em copo Old fashioned com pedra grande de gelo

Bloody Mary La Milo - Milo J. Sutliff editor, New York City
2oz Suco de tomate
1oz Caldo de mariscos
1tsp molho Worcestershire
2oz Vodka
gelo picado
Preparo: mexer suco de tomate e caldo de mariscos e adicionar o molho Worcestershire. Despejar a mistura em um liquidificador sobre uma polegada de gelo picado. Adicionar vodka, ligar e bater por 10 segundos. Servir em um copo de 3oz (receita para dois coquetéis).

David Embury também entra na discussão com característica honestidade brutal. O Bloody Mary aparece em sua revisão 1952 de Fine Art of Mixing Drinks . Ele afirma: "Um exemplo clássico de combinar em uma mesma poção o veneno e o antídoto. Como as proporções usuais variam em todo o mapa, de acordo com o capricho do bartender. As adições mais freqüentes são Tabasco, Worcestershire ou molho A1. Às vezes, um pouco de limão siciliano é misturado." Embury é o primeiro guia de bares - não obstante The Bee - que eu encontrei que lista Tabasco como um ingrediente. Outro aspecto realmente importante aqui, é que Embury registrou a diversidade das receitas de Bloody Mary. Como Robert Hess sucintamente aponta, o Bloody Mary "é o bolo de carne do mundo da coquetelaria".

Duas revistas parecem substanciar a evolução do Bloody Mary e consumar a noção de que ele se tornou uma bebida para ser servida em brunch. Em 1952, o Fort Pierce Tribune da Flórida afirma: "O mais popular agora é o 'Bloody Mary' ou 'Red Snapper' - um grande copo de suco de tomate com molho de Worcestershire, sal de aipo e um jigger de vodka. "

A House & Garden Magazine publicou em janeiro de 1956: "Muitas pessoas acham que o Bloody Mary é a resposta para todas as preocupações do dia seguinte e desde a sua criação tornou-se um dos dois coquetéis favoritos em Nova York."

Também em 1956, o próprio George Jessel apareceu em um anúncio para Smirnoff Vodka na Colliers Magazine de 30 de março. No anúncio, Jessel afirma: "Eu acho que eu inventei o Bloody Mary, Red-Snapper, Tomate Pick-up ou Morning Glory. Isto aconteceu em uma noite antes de um dia e eu senti que eu deveria tomar um nutritivo suco de tomate, mas o que eu realmente queria era um pouco de sua boa vodka Smirnoff. Então eu os misturei, o suco para o corpo e o vodka para o espírito. E se eu não fui o primeiro, eu fui o mais feliz". Eu só posso pensar que Jessel estava quebrado à época, disposto a colocar seu nome nesta porcaria.

1956 foi um ano movimentado para o Bloody Mary também. A receita mais interessante que apareceu durante aquele ano foi a de Frederic Birmingham, autor do Drink Book da Esquire. Sua receita é a seguinte:

Bloody Mary - Frederic Birmingham
8oz Suco de Tomate
3oz Vodka
Suco de dois limões sicilianos
Clara de um ovo
½ colher de chá de sal
Pimenta do reino moída na hora
2 folhas de aipo
4 dashes de molho Worcestershire

A informação final é cortesia de Dale DeGroff, que conduziu uma entrevista por telefone com Duncan MacElhone, o neto de Harry MacElhone, em 1997. Em seu maravilhoso Essential Cocktail, Dale diz, "que Pete serviu a bebida a uma senhora chamada Mary, que estava sentada no bar por longas horas, com chateada com um namorado que raramente mantinha compromissos com ela. Pete deu o nome ao drink por causa dela". Ainda em palavras de Duncan: "Essa é a história que me contaram e é o suficiente para mim".

Nenhuma dessas "origens" acima presta atenção ao fato de que a estrutura essencial de Bloody Mary foi formulada pela primeira vez no final do século XIX. Os historiadores de bebidas Anistatia Miller e Jared Brown, em seu Spirituous Journey, Volume II, revelam o coquetel de ostra. "A fórmula essencial de Bloody Mary - suco de tomate, molho de Worcestershire, suco de limão, horsehadish, molho Tabasco, outros molhos apimentados, sal e pimenta - já existia desde o século XIX, mas era um nascimento virgem (não continha álcool)", afirmam.

Eles descobriram isso e foi publicado em 12 de março de 1892, no Hospital Gazette de Londres: "Uma receita que retornou do mar. Dizem que no Manhattan Club, em Nova York, uma bebida quente, chamada de "oyster cocktail", é muito vendida. Para o benefício daqueles que podem ter intenções suicidas, dou a receita. Sete pequenas ostras são jogadas em um copo, ao que deve ser adicionado uma pitada de sal, três gotas de molho Tabasco, três gotas de molho mexicano Chili e uma colher de suco de limão. Para esta mistura, adicione um pouco de horseradish, molho de pimenta verde, ketchup de pimenta Africana, pimenta do reino e encher com suco de tomate. Ele deve ser mexido com uma colher, tocando de leve nas ostras apenas. Elas irão subir e devem ser então comidas, seguidas do líquido, bebido como um coquetel".

O coquetel de ostras evoluiu para o coquetel de suco de tomate - neste momento ainda sem álcool. Como Miller e Brown salientam: "Um dia, em 1917, quando o French Lick Springs Hotel Resort em Indiana ficou sem suco de laranja, o seu chef francês Louis Perrin ofereceu aos hóspedes suco de tomate. Foi um sucesso imediato. Em três anos, um punhado de empresas começaram a produção comercial. Mas suco de tomate enlatado não decolou até que, em Chicago, o hotelier Ernest Byfield provou seu primeiro copo de coquetel de suco de tomate, em 1917. "

Em 1934, a Time Magazine reforça o papel de Byfield. "Antes de 1928, o suco de tomate foi usado principalmente por inválidos e bebês que precisavam de suas vitaminas. Fabricantes não produziram o suficiente para justificar manter registros específicos de vendas. No ano passado, como o suco de tomate ganhou lugar em quase todos os menu de restaurante do país, a produção foi estimada em 5.000.000 de caixas, no valor de US$8.500.000. O aumento das vendas de suco de tomate tem sido mais espetacular que qualquer alimento durante a depressão...O homem que colocou o apimentado coquetel de suco de tomate no mapa foi Ernest Byfield, o mais famoso hoteleiro de Chicago".

O Daily Mail publicou um obituário para Byfield em 26 de fevereiro de 1950 e foi um passo adiante. "As anedotas de Byfield eram muito famosas. Ele é reconhecido como o inventor do coquetel de suco de tomate - pioneiro em um campo que agora vende milhões de suco de tomate enlatado". O que é importante aqui é que Ernie levou o coquetel de suco de tomate para muito mais pessoas.

O relacionamento de Ernest Byfield com o Bloody Mary não termina com os coquetéis de suco de tomate enlatado. Em 1 de outubro de 1938, Byfield abriu o The Pump Room, que é um restaurante localizado no Public Chicago Hotel (anteriormente The Ambassador East), na área de Gold Coast. O Pump Room tornou-se, na palavra de Byfield, "o restaurante mais famoso dos EUA". A famosa Booth No.1 tornou-se um ímã para as estrelas do palco e das telas dos anos 30, 40 e 50. Nomes como Frank Sinatra, Judy Garland, Humphrey Bogart, Sammy Davis Jr., Jerry Lewis, Dean Martin e Elizabeth Taylor comeram na Booth No.1 com Byfield e muitas vezes contavam vantagem ao amigos, dizendo que tinham almoçado com Ernie. Com isso, a própria estrela do coquetel de suco de tomate estava começando a brilhar

O Coquetel de Suco de Tomate

As receitas de coquetel de suco de tomate dos anos 20 adicionam o peso ao surgimento do Bloody Mary nos EUA, mais do que a teoria mais conhecida de que foi criado em Paris.

O California Bee, California, de 9 novembro de 1928: "O coquetel de suco de tomate ganhou seu lugar na sociedade. Para adultos, muitos gostam de refrigerar o suco e temperá-lo com sal, suco de limão, Tabasco e molho de Worcestershire. "

Here's How Again! por Judge Jr., em 1929: "Coquetel de Tomate...Pegue uma lata de sopa de tomate e coloque em uma coqueteleira cheia de gelo. Adicione um pouco de molho Worcestershire Sauce e bata bem."

Noble Experiments (o terceiro volume da série Here's How ), por Judge Jr. 1930: "O coquetel de suco de tomate...Coe uma lata de tomates Delford, adicione sal e agite com dois ou três cubos de gelo. Worcestershire, Tabasco ou pimenta podem ser adicionados se desejado."

Nestas receitas estão, obviamente, faltando um elemento crucial para um Bloody Mary - álcool. O livro fenomenal de Dave Wondrich Punch contém uma analogia bastante interessante entre drogas e como a Aqua-Vitae começou a vida na Europa. Ele descreve o ciclo que uma droga passa: "Investigação, quando seus poderes são determinados; Prescrição, quando a teoria é posta em prática; Auto-medicação, quando seu uso torna-se preventivo; Recreação, quando surge um mercado para ela; Repressão, muito de uma coisa boa é demais; Transcendência, quando a repressão falha e as instituições da sociedade são reconstruídas para acomodar o elemento problemático, já que as pessoas percebem que não podem viver sem".

Acho que uma analogia semelhante pode ser feita com o desenvolvimento do coquetel de tomate e ostra, no sentido de que ele pode ser visto como estando no processo de passar da fase de auto-medicação, em seu disfarce como um tônico saudável, para a zona recreativa, com a adição de álcool.

O lado saudável do coquetel de ostra foi documentado pelo Hospital Gazette de Londres, em 1892, ao revelar que o coquetel de ostra foi prescrito como tônico para qualquer pessoa "possuída de intenções suicidas". Ostras são, naturalmente, também conhecidas como afrodisíacos - uma possível razão para isso poderia ser o fato das ostras serem ricas em zinco, um mineral que é importante para a saúde sexual masculina, os níveis de testosterona e a produção de espermatozóides. Zinco também é importante para o cabelo saudável e seu senso de sabor e cheiro. Os tomates são ricos em vitamina C e ferro. Uma vez eu ouvi Wayne Collins chamando o Bloody Mary de um "soco de tomate", por isso não é inconcebível que o álcool poderia ter sido adicionado ao que tinha sido visto anteriormente como um tónico de saúde.

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A adição de destilado puro

Independentemente disso, o coquetel de ostra forneceu uma excelente plataforma para a popularidade do próprio Coquetel de Tomate, que também pode ter sido ajudado pela Lei Seca (de 1920 até 1933). Os drinks da época da Lei Seca usavam vários agentes suavizantes - quantidades significativas de açúcar, de creme, de ovos e de fruta - para mascarar o sabor do álcool, que era obviamente mal produzido. Poderia o coquetel de suco de tomate ter agido como um veículo para mascarar o sabor do álcool vagabundo?

Eu devo confessar que sou um pouco cético sobre este. Eu fiz o meu próprio gin de banheira, quando trabalhava na Destilaria Plymouth. Ele ficou horrível e mesmo quando misturado com suco de tomate, este não mascarava o sabor do gin. Autores e bartenders odiaram o Bloody Mary misturado com destilados autênticos, imagine com os falsificados. David Embury o chamou de "estritamente vil", enquanto Jack Townsend e Tom McBride no seu The Bartender's Book chamam suco de tomate e vodka de "uma combinação selvagem".

O que é inegável é que a vodka ganhou definitivamente os EUA durante a década de 30. Vladimir Smirnov tinha fugido da Rússia em 1919 após a revolução de 1917. Ele abriu uma destilaria em Constantinopla (atual Istambul) em 1920 e, em seguida, mudou a empresa para Lwow, na Polônia em 1923. Depois, mudou-se novamente em 1925 para a França e abriu uma destilaria lá. Foi quando a marca mudou a grafia para Smirnoff. Ele não foi muito bem e juntou-se ao compatriota Rudolf Kunett, a medida que a Grande Depressão crescia. Rudolf mudou-se para os EUA e Vladimir vendeu-lhe os direitos de produzir e vender Smirnoff nos Estados Unidos em 1934. Mas ele também não conseguiu atrair atenção para a vodka. Por sua vez, Kunett procurou John Gilbert Martin, presidente da G.E Hueblein & Brothers, fornecedores de bebidas e alimentos finos, que concordou em comprar os direitos de Smirnoff por US$14 mil dólares. Foi quando surgiu a estratégia de posicionar aa vodka como "American White Whiskey", em 1938.

Em 1935, por exemplo, o popular colunista O.O. McIntyre afirmou em sua coluna "todos os bares inteligentes aqui [em Nova York] estão servindo agora vodka e muitos dos bebedores experientes já a elegeram como sua bebida favorita". Dave Wondrich também aponta que havia muitos restaurantes russos em Nova York neste momento e todos eles serviram o produto. Aprendi com Dave Wondrich que, em 1934, o governo soviético gastou uma boa quantidade de dinheiro exportando vodka para os EUA, com festas de lançamento em Nova York e Washington.

Eu sempre fui um pouco cético em relação à alegação de George Jessel de ter criado o Bloody Mary em 1927, em Palm Beach. Seu relato em sua autobiografia me pareceu muito perfeito, muito conveniente. Mas ele era um conhecido admirador de suco de tomate. De fato, em 31 de julho de 1929, o Alton Evening Telegraph relatou os movimentos da atual Sra.George Jessel: "A Sra. George Jessel chegou à cidade com quatro Wolfhounds russos. Ela deixou seu marido no restaurante French Licks para ir descansar". O restaurante fazia parte do French Lick Springs Resort - o mesmo lugar onde Louis Perrin era famoso por servir suco de tomate. Em 15 de outubro de 1934, o Oshkosh Daily Northwestern publicou: "George Jessel, o palhaço deu a De Roze um mau momento na noite de abertura, pedindo em meio a vaias, por Vodka e Pernod enquanto estava surpreendentemente segurando um copo de suco de tomate." [Sic]

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Verde e pegajoso

Um aparte: uma pesquisa rápida no Google para "Bloody Mary" revela que é quase inimaginável ver o coquetel moderno sem um talo de aipo. Ele supostamente se tornou proeminente durante os anos 50 e 60 e é amplamente creditado ao Pump Room de Byfield. Acredita-se que uma das muitas celebridades que frequentavam a casa deva ter pedido ao bartender para decorar seu Bloody Mary com um talo de aipo, porque o restaurante estava sem mexedores. A identidade desta celebridade perdeu-se no tempo e não há nenhuma evidência real para suportar a história. O próprio Ernie faleceu em 10 de fevereiro de 1950.

A primeira referência impressa a um Bloody Mary decorado com um talo de aipo está no The Mountain Democrat de 31 de outubro de 1979: "Bloody Mary misture e mexa com um talo de aipo." Um coquetel de suco de tomate decorado com aipo também aparece na edição de 30 de junho de 1960 do Daily Herald de Chicago: "acompanhado de canecas de suco de tomate e talo de aipo".

No entanto, se havia um lugar para a moda pegar, era sem dúvida o Pump Room. Byfield foi responsável por algumas coisas nas épocas de pós-guerra nos EUA: depois da Primeira Guerra Mundial foi o coquetel de suco de tomate enlatado e, depois da Segunda Guerra Mundial, foi a tendência de flambar comida. "Servimos quase tudo flambado neste salão", disse Ernie. "Isso não estraga muito a comida". Então quem vai dizer que o Pump Room não foi responsável pelo aipo de enfeite? Na Pump Room tudo parece possível.

Conclusão

Eu acredito que George Jessel e não Fernand Petiot criou o Bloody Mary. Pronto, falei. Mas a criação de Jessel era provavelmente apenas a fórmula padrão de metade suco de tomate e metade vodka, com talvez uma pitada de Pernod, como parece provável pela história de 1934.

Quando olhamos para a alegação de que o Bloody Mary foi criado no início dos anos 1920 no Harry's New York em Paris: ele certamente tinha todos os ingredientes, pois a França e o suco de tomate tinham um relacionamento saudável. E sabemos pelos movimentos de Vladimir Smirnov que vodka foi definitivamente para a França. E, claro, o país também tinha Pete Petiot - pelo menos originalmente.

No entanto, a razão pela qual tenho dificuldade em acreditar que o Bloody Mary foi criado naquele bar em Paris, qualquer que seja o nome dele, é devido à falta de documentação ou qualquer tipo de evidência que apóie essa afirmação. Se ele foi criado na instituição parisiense, então por que ele foi omitido no Barflies and Cocktails de Harry MacElhone, publicado em 1927? Se esta fórmula já fosse vendida em seu estabelecimento, ele certamente a teria listado, independentemente da sua popularidade.

Da mesma forma, por que ele não apareceu no livro de Harry Craddock Savoy Cocktail Book em 1930? Harry Craddock seguramente sabia de todas as tendências européias e foi indiscutivelmente um dos plagiadores de drinks mais importantes do mundo. E por que também não era servido no outro famoso templo de Paris, o Hemingway Bar, do Ritz Hotel? O ex-chefe de bar, Frank Meier, escreveu o livro de bar do Ritz hotel, Artistry of Mixing Drinks em 1936. Se houvesse uma Bloody Mary em circulação nos anos 20 e 30, tenho certeza de que Meier certamente saberia. Especialmente porque os dois bares compartilhavam uma base de clientes muito similar. Como é que as famosas estrelas americanas não circularam notícias sobre o drink? Afinal, o Harry's Bar tinha Ernest Hemingway como um de seus clientes frequentes.

New York e não Paris

A resposta para tudo isso é muito simples: o lugar de nascimento do Bloody Mary não foi Paris, França. Permitam-me voltar à entrevista de Petiot ao New Yorker em 18 de julho de 1964, que considero a prova cabal: "Eu criei o Bloody Mary de hoje (...) Jessel disse que o criou, mas realmente não era nada além de vodka e suco de tomate quando eu o conheci (...) Servimos de cem a cento e cinqüenta Bloody Marys por dia aqui no King Cole Room e nos outros restaurantes e salas de banquetes. "

Diretamente da boca do cavalo, este é o reconhecimento tácito de Petiot de que Jessel foi o criador do Bloody Mary meio-a-meio. Se ele tivesse criado o Bloody Mary no New York Bar em Paris, certamente teria citado isso nesta entrevista.

O que Petiot fez para o Bloody Mary é dar-lhe um tapa: ele deu à combinação sem graça de vodka e suco de tomate criada por Jessel uma reforma muito necessária. Ele modificou as proporções, acrescentou cítricos, ervas, especiarias e notas salgadas. Ele fez o que Dale DeGroff fez para o Cosmopolitan: ele pegou uma receita existente e fez a sua própria. Ele compartilha outra semelhança com DeGroff: ambos tinham teatros importantes para sua arte e uma clientela igualmente rica. Dale tinha o Rainbow Room, Pete tinha o St. Regis.

O St. Regis foi simplesmente o mais elegante e opulento hotel em Manhattan durante as décadas de 30 e 40. Era um trendsetter: outros hotéis, restaurantes e bares em Nova York dançavam sua música. Os artigos de 1952 no Fort Pierce Tribune e 1956 The House & Garden Magazine , bem como um do Press Telegraph , publicado em Long Beach, na Califórnia, no dia 27 de dezembro de 1956, confirmam isto: "O Bloody Mary ocupa o segundo lugar na cura de ressacas". Este texto de 1956 da House and Garden Magazine é também muito revelador. "O Bloody Mary é a resposta para todas as preocupações do dia seguinte e, desde a sua criação, tornou-se um dos dois coquetéis favoritos para o almoço em Nova York". Isso foi feito por Petiot e, de certa forma, por Vincent Astor: Astor deu a Petiot o palco e Petiot fez a grande apresentação.

Red Snapper

O único aspecto realmente confuso do desenvolvimento do Bloody Mary no St. Regis Hotel é quando e porque Petio/Astor mudaram o nome da bebida para Red Snapper. Mudou a base alcoólica, como se acredita, da vodka pelo gin? A crença convencional é que Petiot trouxe a bebida para o St. Regis, mas foi forçado a trocar a vodka que era aparentemente difícil de encontrar nos EUA. Simultaneamente, a família Astor considerou o Bloody Mary também arriscado para a clientela burguesa que freqüentava o local. Assim nasceu o Red Snapper.

Mas sabemos que a vodka era muito popular em Nova York na época. Crosby Gaige lista o primeiro Red Snapper em seu livro de 1941 Cocktail Guide and Ladies 'Companion. É importante notar que a receita, creditada para Gaston Lauryssen do St. Regis Hotel, continha vodka e não gin. E os meio-a-meio de Jessel foram feitos com vodka e não gin, já que sabemos de suas tentativas de melhorar o coquetel de suco de tomate com vodka e Pernod pelas referências de 1939.

Então e Red Snapper? Como isso aconteceu? Era simplesmente uma mudança de nome ou uma bebida totalmente diferente? A primeira vez que eu consegui localizar um Red Snapper com gin na literatura foi 1962, em The London Magazine, Volume 2 . Ele declarou: "O Red Snapper - Bloody Mary feito com Gin." Foi também na década de 60 que o companheiro mexicano do Bloody Mary, o Bloody Maria, apareceu pela primeira vez. Em julho de 1961, o The Pasadena Independent diz, curiosamente, que o Bloody Maria é feito com "rum em vez de vodka". Isso foi rapidamente corrigido em anos posteriores, pois tequila é o correto: The Press Courier publicou um artigo sobre o Bloody Maria em 14 de janeiro de 1972, que pedia "6oz de coquetel de tomate Snap&Tom para 1 ¼ oz de Cuervo Tequila em um copo alto cheio de gelo ".

Acho que a grande mensagem que surgiu na década de 60 é que, se acabar a vodka para o seu Bloody Mary, mas você ainda tem Bloody Mary mix (que também surgiu em nos anos 60 com o nome de "Herb and June Taylor's Mr & Mrs.T Bloody Mary), use Scotch, rum ou o que diabos você tiver em mãos, sem precisar mentir. Acho que é assim que nasceu o Red Snapper baseado em gin. No entanto, estou convencido que no St. Regis, o Red Snapper nunca conteve gin e foi mais uma mudança de nome - em vez de uma mudança de receita.

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Miller e Brown descobriram algo interessante a este respeito, o que sugere que a popularidade de um molho apimentado chamado Red Snapper pode ter inspirado Astor ou Petiot a mudar o nome de seu coquetel. "Coquetéis de ostra foram enormemente populares na virada do século", escrevem eles. "Eles eram tão populares que as empresas nas costas leste, oeste e sul (Nova Orleans, para ser preciso), começaram a produzir um concentrado de néctar de molusco, suco de tomate e especiarias. Os anúncios dizam "o toque certo para carnes, sopas e peixe ... E o nome deste molho apimentado? Molho Red Snapper". Pessoalmente, não consigo ver Astor ou Petiot inspirarem-se neste molho - até porque o Coquetel de Ostra já estava fora de moda por vinte e poucos anos quando o Red Snapper começou a dar seus primeiros passos.

Uma história de pescador

Greg Bohm me enviou um artigo de 1950, que sugere que Red Snapper é meramente o nome americano para a versão "britânica" do Bloody Mary. O Lowell Sun de quarta-feira 26 de julho de 1950 declarou: "O Red Snapper, uma importação britânica, chamada Bloody Mary em Londres, é uma parte de vodka, duas partes de suco de tomate, uma pitada de bitters e duas pitadas de molho Worcestershire. Você pode adicionar, se suas mãos não tremerem, uma onça de suco de limão e uma boa chuva de pimenta do reino moída sobre tudo".

Não tenho certeza que isso acrescenta alguma coisa, a não ser confusão. A menos que Pete Petiot tenha realmente trabalhado no American Bar no Savoy e criado o seu Bloody Mary lá, antes de viajar para os EUA quando Mary Biddle ofereceu-lhe o trabalho de bartender chefe no St. Regis, onde Vincent Astor pressionou para a mudança de nome. Embora seja uma história maravilhosa, simplesmente não há um fragmento de evidência para sustentar esta cadeia de eventos e sabemos pelo censo de 1930 que Petiot estava casado e morando em Canton, Ohio, prejudicando ainda mais esta versão. E também não oferece qualquer motivo pelo qual eles o chamaram de "Red Snapper".

Acho que há boas razões para acreditar que o Red Snapper tem o mesmo nome do peixe. Pesquisei um sobre os passatempos de Vincent Astor e descobri que a revista Time publicou um artigo chamado "Assuntos Nacionais, Pescador e Esposa", em 20 de fevereiro de 1933: "Tudo o que o país ouviu na semana passada sobre seu presidente eleito, que pescava nas Bahamas, foi um breve e leve radiograma enviado do Nourmahal de Vincent Astor para Miami, dizendo "Nós estamos ancorados na Ilha de Andros e estamos fazendo uma boa pescaria. (New York's Justice Frederic) Kernochan lutou 15 rounds com um tubarão. Ambos escaparam. Tudo bem. Uma viagem maravilhosa ". Um agente do Serviço Secreto estava se recuperando de queimaduras de sol, o Sr. Roosevelt havia perdido um "peixe tão grande quanto uma baleia". O comodoro Astor era o "anfitrião perfeito ".

Astor era um pescador experiente e fazia pescarias frequentes em seu iate Nourmahal, que estava nesta ocasião fora da costa da ilha de Andros, nas Bahamas. Ali há abundância de Red Snappers, o peixe. Para mim, não há dúvida de que foi Vincent Astor que mudou o nome do Bloody Mary e eu acho que foi seu hobby que inspirou o nome novo. O Bloody Mary era, e é, inegavelmente, vermelho e "snappy" ("nervoso").

Resumindo

Quando eu comecei minha busca pelo Bloody Mary, eu não esperava encontrar tanta evidência contraditória e confusa, mas sinto que finalmente tenho alguma clareza e transparência sobre o nascimento e vida deste coquetel clássico. Aqui está o que eu acho, em poucas palavras:

O Bloody Mary começou sua vida como o Coquetel de Ostra, que perdeu espaço para o Coquetel de Suco de Tomate, ajudado pelos gostos de Louis Perrin, que serviu suco de tomate em seu restaurante francês Licks, quando acabou o suco de laranja, em 1917. Foi aqui que poderia ter surgido a predileção de George Jessel pelo suco de tomate.

Ernie Byfield então entrou no jogo e começou a produzir coquetel de suco de tomate engarrafado comercialmente e foi aqui que o paladar norte-americano, e também europeu, começou a apreciar o sabor do suco de tomate temperado. Eu estou confortável com a teoria de que o famoso aipo de decoração foi adicionado no estabelecimento de Byfield em Chicago, o Pump Room.

Estou seguro com a minha crença de que nem o Sloan's New York Bar ou MacElhone's Harry's New York bar foi o lugar que o Bloody Mary foi concebido e não desempenhou nenhum papel nos anos iniciais do coquetel.

O bastão passou então a George Jessel, que começou a batizar seu suco de tomate com vodka e, de acordo com todas as provas, Pernod desde 1934. Dois relatos adicionais de seu Bloody Mary vieram à tona novamente em 1939, um dos quais era de Walter Winchell, que estava no Imperial Trio com Petiot, nos estágios iniciais de suas respectivas carreiras. Creio que foi Jessel que criou o Bloody Mary simples e realmente batizou-o por causa de Mary Warburton. Mas foi realmente Pete Petiot quem fez as modificações que transformaram o Bloody Mary no coquetel que conhecemos hoje.

Petiot modificou a receita e foi no St. Regis que mistura de vodka e suco de tomate virou uma sensação nos EUA e no mundo. Em meados para o final da década de 30, Astor insistiu na mudança de nome, talvez baseado em seu amor pela pesca, porém o destilado base não mudou.

Acredito ter sido quando o Sr. e a Sra. T lançaram o seu famoso Bloody Mary Mix, que o Red Snapper tornou-se conhecido como Bloody Mary batizado com gin e, possivelmente, as outras variações começaram a criar vida própria a partir de seu sucesso.

A história do Bloody Mary é fascinante. Toda vez que eu bebo um, certamente não tem gosto de primeiro encontro: eu sei sobre sua vida intrigante, as pessoas que a moldaram e aquelas que o tornaram o coquetel de hoje. Talvez a coisa mais bonita sobre o Bloody Mary é o fato de que ele continua a reinventar-se. O Bloody Mary é a Madonna do mundo dos coquetéis.

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