Bartenders em Casa - Fernanda Santos

Escrito por Fernanda Santos

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Olá, me chamo Fernanda Siqueira dos Santos, trabalho na área de bar há 9 anos e me formei pelo projeto Learning for Life da DIAGEO. Morei no México por 4 anos e atualmente trabalho no Cais Rooftop Lounge Bar no centro do Recife. Sou uma das criadoras do projeto RUEIRAS, que tem como finalidade disseminar conhecimento e regionalidade na coquetelaria! Espero que gostem da chuva de conhecimento que disponibilizarei aqui para vocês!

Chico

Foram quatro lindas semanas juntos , acompanhando os trabalhos uns dos outros ! Para fechar com chave de ouro preparei um vídeo para vocês, com um coquetel show de bola que tenho certeza que vocês vão amar !
Nele eu agreguei todo o peso histórico e místico do chá junto com o nosso xodó, a cachaça!

Para quem pensou que a cachaça foi feita para tomar de uma lapada só, verá aqui nesse vídeo que ela é um destilado super versátil e que deveria ser melhor aproveitada nos nossos bares . No vídeo estou usando uma cachaça local 100% orgânica chamada Sanhaçu (@sanhacu).

Gostaria de aproveitar para agradecer todo apoio e força dados pelo @coletivoadacoleman e pelo @diffordsguidebrasil ! Esse projeto foi maravilhosamente inspirador! Parabéns a todos os envolvidos. Agradecer também ao BigBoss @luciano.m.guimaraes que deu o maior apoio ao longo não só desse projeto, mas de vários anos! Agradecer a @rebeca.elionai por embarcar nessa aventura e em muitas outras comigo (obs: vamos dominar o mundo)! Agradecer ao pessoal da @sanhacu por essa parceira massa! E agradecer ao @lucas.santost meu maior crítico ahahahah e fonte de inspiração!

Então sem mais delongas simbora ver essa obra de arte super fácil de ser replicada no seu bar!

Clique para ver o vídeo do preparo do coquetel Chico

Beba com moderação, hidrate-se e não ofereça bebida para menores de 18 anos!

Muito obrigada pela atenção !

Low ABV/ 0% álcool tendência mundial?

Agarrando-nos ao gancho do post anterior seguiremos com um tema polêmico hoje, mas que muita gente aposta ser uma tendência mundial que veio para ficar. Os coquetéis LOW ABV e os sem álcool.

Low ABV é um coquetel com baixo teor alcoólico. Esse tipo de bebida tem se tornado cada vez mais frequentes nos bares brasileiros. Com a finalidade de explorar uma brecha que estava sendo posta de lado ou menosprezada por muitos bartenders e proprietários de bares. Os consumidores que por algum motivo não podiam ingerir bebidas alcoólicas.

Geralmente a opção que esse tipo de consumidor tinha era refrigerante, agua ou suco. Tivemos nossas mentes treinadas por muito tempo para pensar que se o cliente queria um coquetel sem álcool, seria melhor que tomasse um suco.

Atualmente essa linha de pensamento tem mudado radicalmente, o mercado capitalista percebeu que estava deixando de faturar algo a mais por não apostar nesse tipo de clientela. É um fato irrefutável que um LOW ABV ou um sem álcool pode e deve ser tão bonito e saboroso quanto um cocktail com alto teor alcoólico.

Mas quais as vantagens de consumir esse tipo de bebida?

O primeiro ponto e também um dos principais é o fato da diminuição da toxicidade alcoólica, ou seja, menos bêbados, menos problemas com brigas de bares, assédios e outras situações constrangedoras. Menos toxicidade que também acarreta em ausência de ressaca. Sim vocês leram bem: ausência de ressaca. Já imaginou se acordarem divinamente bens depois de uma noite regada a bons drinks LOW ABV? Agora esse sonho está mais real. Terceiro, mas não menos importante é a possibilidade de poder experimentar uma quantidade maior de coquetéis sem levar seu corpo ao extremo da embriaguez.

É obvio que ainda tem muita gente do time que vai ao bar para levar seu corpo ao extremo no tocante ao consumo de bebida alcoólica e que acredita fielmente que é necessário sentir o álcool rasgando suas gargantas ao descer goela abaixo para sentir-se satisfeito.

Mas é muito prazeroso ver que a maioria dos consumidores está tendo a evolução consciente do que é beber com prazer e responsabilidade. Pessoas que estão abrindo suas mentes para algo novo e mais saudável. É muito satisfatório ver como nós bartenders conseguimos atiçar a curiosidade nos nossos clientes, com o intuito de influenciar numa melhor decisão na hora da escolha de um coquetel.

E tu, acha que essa moda pega? Você apostaria nessa tendência no teu bar?

Deixo aqui uma receitinha mágica para vocês

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30ml de vodka
40ml de purê concentrado de lichia
15ml de sumo de limão
2 borrifadas de água de flor de laranjeira.

Claro como a água

Não tem jeito, uma hora ou outra a gente ia ter que tocar nesse assunto. Uma coisa tão importante e que muitas vezes passa batido na correria do dia a dia. Sim, vamos falar dela: a que mata a sede, aplaca a ressaca, dona de 75% do nosso corpo, a que hidrata e deixa a pele bonita, a não queimada: ÁGUA.

É bem sabido da importância comprovada cientificamente da água, mas será que damos a devida importância a esse bem tão precioso? É o que buscaremos descobrir no artigo de hoje.

Seguindo a linha de raciocínio do post anterior, a água também é uma bebida milenar e presente aqui no planeta muito antes de qualquer um de nós ter existido. Ao longo de todos esses anos aprendemos como consumi-la, purifica-la, melhora-la e transforma-la. O consumo consciente ou não desse bem evoluiu e transformou-se junto conosco à medida que nossas necessidades mudavam.

Você já parou para reparar a importância que água tem nos bares? Quando começamos os estudos fica claro como a água (não pude resistir) que ela assume um papel super-relevante no processo de produção de qualquer destilado.

Aprendemos que diferentes fontes de água nos oferecem uma gama única de propriedades organolépticas, podendo influenciar fortemente no sabor e leveza da sua bebida. Assim como todos os outros ingredientes da receita, a sua água também deve ser de uma qualidade ímpar. Afinal ela é o começo de tudo.

Continuando o passeio pelo nosso balcão, avistamos o rei de todos os coquetéis: o gelo, que nada mais é do que a nossa essencial água em estado sólido. Estamos cansados de saber que o tipo de gelo utilizado de diferentes maneiras para determinadas finalidades pode exaltar ou derrubar o nosso coquetel. Fica claro dessa maneira que para se ter um gelo de ótima qualidade e durabilidade é necessário que a mesma exigência se aplique a água, afinal você não vai oferecer um gelo insalubre ao seu cliente. Principalmente na coquetelaria contemporânea, onde o gelo passou de ser um mero coadjuvante para ganhar papel de destaque nas mais diferenciadas formas, sendo considerado muitas vezes um garnish e peça fundamental para a conservação e diluição adequada do seu coquetel.

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foto de Lucas Santos
Mas quem pensou que a importância da água para por aí na coquetelaria está redondamente enganado. O caminho traçado finda no consumidor final.

É nosso papel como excelentes profissionais educar nossos clientes no tocante a importância de se hidratar durante o ato de consumir álcool. Uma palavra define as consequências da desidratação provocada por abuso da ingestão dessa substância: RESSACA.

Para que fique claro, a ressaca é o resultado da intoxicação do organismo pelo consumo excessivo de álcool. Ela acontece porque o corpo precisa trabalhar mais a fim de eliminar o álcool ingerido e para isso, acaba sobrecarregando os órgãos. É um conjunto de sintomas que inclui fraqueza, enjoo, sede e dor de cabeça.

O principal motivo desse desconforto é a sobrecarga do fígado que fica tentando metabolizar o álcool consumido. Além disso, durante esse processo, ocorre a produção de uma substância chamada acetaldeído, que é tóxica para o organismo e responsável pelas náuseas, amnésia e o sono ruim. Os rins, por sua vez, acabam produzindo mais urina e a pessoa vai mais ao banheiro. O resultado? Desidratação. Com isso, muita sede e a sensação de boca seca.

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Então, meus queridos, são com essas dicas importantíssimas que eu os deixo hoje. Hidratem-se, conscientizem seus clientes da importância de disso e coloquem a água como uma de suas prioridades no funcionamento do Bar.

E tu, já se hidratou hoje?

Uma xícara de cada vez

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Quando se pensa em chá logo vem em nossa mente a britânica hora do chá, porém precisamos ir mais a fundo. Apesar desse ponto de referência histórico, o chá é uma bebida milenar ancestral; sua historia, além de estar amplamente ligada ao imperialismo e a industrialização, também esta fundida à de impérios, sendo os dois principais são o Britânico e o Chinês. É importante salientar que apesar das histórias lúdicas chinesas, há relatos de que o chá que é uma infusão das folhas secas, botões e flores de um arbusto perene, Camellia Sinensis, aparentemente evoluiu nas florestas da região oriental do Himalaia onde hoje se localiza a fronteira entre Índia e China.

Não está claro quando e nem como o chá se espalhou pela China, mas se sabe-se que ele obteve um empurrãozinho de monges Budistas e Taoístas. Como quase toda bebida, o chá era inicialmente consumido com fins medicinais e como tempero, antes mesmos de ser consumido como bebida. Acredita-se que foi durante a Era de Ouro da China, onde mantinham comércio aberto com outras nações, que o chá ganhou o mundo uma xícara por vez.

Quem diria que uma planta tão delicada e singela imporia todo seu esplendor fitoterápico a acontecimentos tão imponentes. O chá, além de tudo mencionado anteriormente, também foi utilizado como papel moeda e modelo de estilo de vida a ser seguido. Sim eles foram considerados como símbolo de status durante a maior parte de sua historia, até culminar com a guerra do ópio e do chá, fazendo com que a China caísse, abrindo espaço para que os britânicos cultivassem seu próprio chá. Foi graças ao processo de industrialização que a Grã Bretanha destronou a China como principal produtor de chá e barateou os custos da produção e transporte.

Mas, como nós bartenders e mixologistas contemporâneos podemos incorporar toda essa mística cultural e histórica nas nossas criações diárias em nossos bares? Existe uma infinidade de combinações de sabores e essências que o chá pode trazer para valorizar o nosso coquetel. Diferente da versão quente e tradicional apresentada anteriormente e que faz sucesso no inverno, agora trazem uma versão repaginada mais leve, refrescante e gelada tendo em vista que os destilados tem o poder de solubilizar os insumos e potencializar o sabor tanto de ervas frescas quanto secas .

Sabendo do leque de possibilidades de combinações que os chás nos oferecem passamos ao primeiro passo: decidir qual destilado utilizar; dependendo da sua escolha é que você vai decidir o tipo de chá que combina com as notas de sabor que aquele destilado te oferece. Um exemplo disso: se você vai utilizar gin é recomendado a adição de chás mais frutados e florais (isso é apenas uma recomendação de harmonização por semelhança). Uma regra muito importante quando se trabalha com chás, no caso do uso da técnica de infusão em álcool, é sempre colocar o destilado em contato direto com o chá e respeitar o tempo do processo, para que o álcool consiga extrair o máximo de sabor possível daquele composto.

Você também pode utilizar outras técnicas de preparação do chá. A infusão é quando você adiciona as ervas na água quente. Você também pode fazer um xarope com o seu chá, técnica que faz aumentar a durabilidade do seu composto graças à adição do açúcar. Também pode testar um cold brew, técnica de extração de sabor o chá mergulhando na água fria e passando pelo menos 12h em extração. E, para resgatar todo o glamour e status vivenciados durante as cerimonias do chá chinesas e japonesas, podemos utilizar xícaras de porcelana fina na apresentação.

Chegamos ao fim do nosso artigo de hoje, mas deixo aqui umas dicas para quem quiser aprender mais sobre a história e cultura do chá.
1- História do mundo em 6 copos, de Tom Standage.
2 - O instagram do @rueiras projeto do qual eu faço parte e tem uma seção inteira sobre as histórias das bebidas.
3 - @ochadacasa no Instagram.
É isso pessoal espero que vocês abram a mente para esse mundo de sabores que o chá nos oferece e inovem nas criações.

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Este é um conteúdo colaborativo e pode não refletir a opinião do Difford’s Guide. Todo conteúdo (imagens e texto) foram fornecidos por terceiros. O Difford’s Guide não detém nem assume responsabilidade por eventuais violações de direitos autorais

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